sábado, janeiro 03, 2015

Primeira noite (José Ángel Valente)

Empurra o coração,
parte-o, cega-o,
até que nasça nele
o poderoso vazio
do que nunca poderás nomear.

Sê, ao menos,
a sua eminência
e ossos partidos

da sua proximidade.
Que se faça noite. (Pedra,
nocturna pedra só.)

Alça-se então a súplica:
que a palavra seja somente verdade.


De “A Modo de Esperança” [Trad. Luis Leal]    

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