a solidão dilui-se na solução
aquosa dum corpo que nunca foi mais que pó.
ecoa um silêncio iluminado
pela urgência do very-light que rasga noites a fio
com o desafio que se veja para que se creia.
quando tudo está perdido,
uma ideia é um barco, um passado cargueiro
de contentores vedados, amolgados pelo
peso da viagem, que bóia em vestígios
de espuma que foram dias.
quando tudo está perdido,
o diário húmido, tímido e íntimo,
sentido em plástico contido,
é a voz salgada do desespero que não se ouve,
da ferida seca em sangue do mapa por o qual tentas
manter vivo de cabeça
e em vãos apontamentos
a letra gretada das tuas mãos.
quando tudo está perdido,
vês verdade permeável na mentira estanque.
revela-se, revelas-te nisso do destino,
naufragas num mar interior que não distingues de oceanos.
a corda está lá, com nós, afunda-se no cais, em redondo
verdete que desliza em linhas suaves de palmas que nunca acreditaste que
pudessem ser lidas.
quando tudo está perdido,
o círculo de fogo, que dá e aquece vidas, conflui no
horizonte da lua.
manténs-te à tona por o instinto feito fé
que navegar é preciso,
mesmo quando tudo está perdido.
Sem comentários:
Enviar um comentário