Hoje estive no "Imperial War Museum" de Manchester. Ontem, e nos dias e semanas anteriores, falaram-nos de guerras religiosas, mata-se em prol do Islão, e não só, portanto o terror faz parte do discurso dominante. O Papa Francisco não cai nesse argumento simplista e já veio dizer que não há nenhuma guerra de religiões mas sim de interesses, poder e de recursos. Gosto deste gajo. Depois de tanto tempo, já não desconfio da sua figura apesar de continuar a criticar parte da instituição que representa.
Do outro lado do Atlântico, o Trump está à frente da Hillary nas sondagens e o Obama diz que a Rússia tem muito a ganhar com um idiota assim na Casa Branca. Reminiscências da guerra fria?
Neste museu não senti apologias bélicas ou pacifistas. Há uma cobertura única sobre o conflicto, desde a Primeira Guerra Mundial até ao presente, um estudo e entendimento da história da guerra moderna e do que é vivê-la como soldado, vítima, refugiado, dano colateral ou viver o pós-guerra. Trouxe um postal que quero pôr bem visível em casa. Lembrei-me de Sun Tsu. "Em tempo de paz não esqueças a guerra, em tempo de guerra não esqueças a paz". Não tenho boa memória para os "ipsis verbis" porém essa é a ideia.
No centro daquele edifício moderno, com o meu filho mais novo a berrar de teimosia, de birra de saturação de carrinho e de horas de autocarro, algo tão diferente do choro sincronizado com o zumbido e explosão posterior de bombas, tentei acalmá-lo consolando-o no meu colo. Sei que esta paz é ilusória. Temo por eles, por o mundo que se consome a si mesmo e temo que sejamos tão estúpidos para entregarmos os "Red Bottons" a quem nem sequer deveria de ter acesso a uma pistola de água.
Cresci filho duma guerra sem razão onde ia morrer obrigado o povo humilde, manipulado e sem recursos, português. Não conheço a guerra como vítima ou combatente, mas conheço bem o conceito e a história detrás desse conceito.
Sem ilusões mas sem duvidar de existir esperança, pergunto-me:
- "Alguma vez seremos melhor do que isto?"
quarta-feira, julho 27, 2016
Alguma vez seremos melhor do que isto?
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