Em época em que tantos escândalos, denúncias e esqueletos retirados dos armários, também eu (“me too”) me reencontro com um período do meu passado de presidiário a cumprir pena no cárcere do fim da adolescência. As autoridades desta circular de “busca&captura”, escondida nas gavetas do roupeiro do escritório dos meus pais, foram umas meninas polícias chamadas Inês, Paula, Bete e Vera (também dá pelo nome de “Patuapá”) decididas a dizer umas “quantas verdades” sobre esta fotografia do cartão da associação de estudantes da universidade. O “agente” responsável pelo retrato foi o fotógrafo Inácio Martinho que cadastrou, em sentença perpétua de nitrato de prata, muitos eborenses como eu.
Procurado, vivo ou morto, sou difícil de me encontrar. Porém, é só dizerem e eu volto a essa “esquadra”, onde se abusava do humor e de vez em quando se usavam os computadores e um bocadinho de tinta nas folhas da impressora, e entrego-me, sem medo, ao abuso policial.
Eram tempos de delinquência, de nos perseguirmos uns aos outros e de nos deixarmos apanhar em palavras cuja brutalidade só se sentia na barriga, esmurrada à gargalhada.
Por favor, venham e capturem-me! Desisto de ocultar o meu passado, faça-se justiça por tanta estupidez!
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| Luis Leal, por Inácio Martinho, 1999, Évora |
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