A solidão tem tantas máscaras, mas é das poucas coisas que, ao pensarmos nela, olhamo-la logo no rosto óbvio, aquele que nos contempla só, ausente de considerar-nos sequer companhia.
Evito olhá-la nos olhos e vou prestando mais atenção às máscaras, como se adornam de cores, gente, movimento, eloquência até. Vejo-as por aqui e cada vez com mais frequência. Parece, por vezes, um desfile, um cortejo carnavalesco, em folia silenciosa.
Houve uma época em que gostava do carnaval, uma época em que me apaixonei sem recurso a máscaras. Hoje, à parte de mascarar os miúdos, o carnaval é a solidão dos outros e a minha, tímida, pouco convincente, mas real.
Lá fora oiço os ensaios para o Carnaval de uns quantos solitários ao batuque gregário. Sei que tenho de sair e não tenho medo. Falta-me o estímulo, talvez a companhia. No entanto, ao contrário da verdadeira solidão, a coisa não é tão óbvia.
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