É raro lembrar-me dos sonhos, mas hoje era impossível não o fazer. Nos confins do meu cérebro, a noite que passou, sonhei com uma personagem do mundo da sétima arte. Uma figura paternal, idosa, então, melhor, uma espécie de avô do celulóide.
Não recordo ao pormenor do que falávamos, sei que falávamos, sentados em duas cadeiras simples, duras, mas daquelas que te fazem sentar bem para evitar lombalgias. Não havia ninguém mais na sala. Agora, vendo bem, não sei se era uma sala, talvez um espaço quase vazio onde poderíamos montar o cenário que quiséssemos.
Falei, falei. Era eu e não me ocultava atrás de qualquer tipo de conversa de circunstância. Talvez falasse de como, de vez em quando, tenho medo, de como com frequência me engano ou de como me emocionei, ainda ontem, a olhar para as flores das nossas amendoeiras. Falei e falei, essa foi a única certeza, feita sensação.
Ironicamente, talvez a rotina do corpo tivesse a enviar sinais ao cérebro, quando nos levantámos e nos despedimos com um abraço, honesto, frágil, despido de egos, o telemóvel activou o despertador e o Jack Johnson lá me trouxe para o mundo empírico.
Mesmo sendo onírica, soube-me bem, soube-me a pouco. Sonharei com ele outra vez?
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