No Natal odiava
receber pijamas, cuecas e meias.
Quem me dava roupa
de cama e roupa interior já previa
que um dia dormiria
nu por opção.
Ainda assim
ensinou-me a utilidade.
O infantil
materialismo, ingrato de falta de tacto que só os anos trazem,
esquece extremidades frias porque dorme aconchegado
no amor de quem dá
mais do que pode sem que se note.
A criança que era
gelou na circulação periférica do passado.
Na ausência de
pijamas, cuecas e meias,
ficou no sangue e na
memória a generosidade.
Esta noite já não
tenho quem me dê
pijamas,
cuecas
e meias.
Agradeço tão tarde
ter tido
pijamas,
cuecas
e meias…
Cabe-me a mim
oferecer pijamas, cuecas e meias.
Não passaremos frio
e o Natal continuará
a ter alguma utilidade.
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