sábado, fevereiro 06, 2016

Se se volta ao chão de onde nos levantámos, volta-se por se ser terra e não para predicar.


Ontem, onde o acaso converteu a minha vida em mais que biologia, na terra que levo debaixo das unhas e que me deu voz para poder ser quem sou, a felicidade e a emoção de ver que a pouca, mas honesta, arte que vou fazendo tem o reconhecimento dos que podaram e ajudaram esta cepa a crescer.
  
Ninguém é profeta na sua própria terra, dizem. Cabe ao profeta não querer ser profeta, disso sim está o mundo cheio. Se se volta ao chão de onde nos levantámos, volta-se por se ser terra e não para predicar. Na ausência de tantos sentidos, a gratidão de quem volta é a única profecia. 

O meu peito não dormiu com a verdade do afecto que recebi daqueles que nunca esqueci. Se sou poeta é porque não consigo controlar a vontade do meu peito, porque ardo como uma vela que se acendeu com fé a lutar para se manter acesa até a promessa se cumprir. Até que isso aconteça escorre cera em lágrimas e vai iluminando o pouco que pode...

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