domingo, março 06, 2016

Curiosidade (Notas a caminho de Ovar, 04/03/2016)

"Sou especialista da curiosidade não especializada" Agostinho da Silva


A curiosidade tem-me ensinado tantas coisas. Livros, filmes, portas, locais, afecto, amizades... Essa curiosidade que não mata gatos, que por vezes gera alguma inquietude, é parte do que fui e vou sendo. Estou convencido que a curiosidade nunca se extinguirá. Pode ser que se acomode moldada à imediatez da técnica, na rapidez adversa à reflexão paciente ou nos seres forçados a ser adultos.
Enquanto a infância brincar, o mundo, por mais adverso e duro, avançará. A cegueira das trevas de deuses impostos ou os ateísmos déspotas do espírito não conseguem esconder o botão lúdico que cada um tem no seu íntimo.
A curiosidade, aliada à teimosia herdada, talvez mais por genética do que por outra qualquer circunstância, mantém a minha esperança e equilibra algo de artista, profissional para poder aceder ao pão, homem e pai. Curiosamente, hoje, esse balanço de ser afigura-se-me mais difícil do que normalmente costuma ser.
Agarro-me à curiosidade do cansaço. Terei sempre coragem para o funambulismo que a vida me trouxe como condição?  

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