Hoje, a falar com uma amiga, fiquei com a
certeza de ser visto como um gajo que escreve sobre bicicletas. Ter velocípedes
etiquetados à minha pessoa até me agrada e também ajuda a não ser só visto como
um gajo que escreve sobre a fronteira, sobre a rai(y)a. Se voltar a publicar
qualquer coisa (e ando a pensar em rafeiros alentejanos), pode ser que fique
rotulado como o gajo que escreve sobre cães do Alentejo...
É fácil, nesta pós-modernidade, ficarmos
associados ao que quer que seja, imagens principalmente. Nas redes sociais,
basta verem a tua fronha, rotulam-te de forma automática. Não nego a utilidade do
algoritmo, como não nego o receio que me produz. O reflexo, por mais estético
que seja, não é necessariamente essência, pode apenas encandear.
Etiqueto-me a esta bicicleta. Foi a
primeira que comprei com o meu dinheiro e vendi-a a um bom amigo que jamais
será associado a pedalar. Para além desta fotografia está o mar, Aljezur, peças
de segunda mão, quedas, o meu tio Leopoldo, o Mestre Carrapato, o Luis, o
Miguel e uma imagem que, num laboratório qualquer, umas mãos reais revelaram.
Hoy, hablando
con una amiga, tuve la certeza de que soy visto como un tío que escribe sobre
bicicletas. Tener velocípedos etiquetados a mi persona no me desagrada e incluso
ayuda a que no me vean solo como un tío que escribe sobre la frontera, sobre la
ray(i)a. Si vuelvo a publicar lo que sea (y me estoy planteando escribir sobre
chuchos alentejanos), puede que quede el rótulo del tío que escribe sobre
perros del Alentejo...
Es fácil,
en esta posmodernidad, que nos asocien a lo que sea, imágenes principalmente.
En las redes sociales, basta que nos vean el careto, y te rotulan de forma
automática. No niego la utilidad del algoritmo, como no niego el recelo que me
produce. El reflejo, por más estético que sea, no es necesariamente esencia,
puede solo deslumbrar.
Me
etiqueto a esta bici. Fue la primera que me compré con mi dinero y la vendí a
un buen amigo que jamás será asociado a pedalear. Más allá de esta fotografía
está el mar, Aljezur, piezas de segunda mano, caídas, mi tío Leopoldo, el
maestro Carrapato, o Luis, o Miguel y una imagen que, en un cualquier laboratorio,
unas manos reales revelaron.
Aljezur (2002) |
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