domingo, junho 09, 2013

"Corona", de Paul Celan

Dedicado a meu irmão, amigo,

Amigo, irmão,

Hermano, José, que me deu este universo de Celan... Apenas queria agradecer-te...


"O outono come da minha mão a sua folha: somos amigos.
Tiramos às nozes a casca do tempo e ensinamo-lo a andar:
o tempo regressa de novo à casca.

No espelho é domingo,
no sonho dorme-se,
a boca fala verdade.

O meu olhar desce até ao sexo dos amantes:
olhamo-nos,
dizemos algo de escuro,
amamo-nos como papoila e memória,
dormimos como vinho nas conchas,
ou o mar no brilho-sangue da lua.

Ficamos abraçados à janela, olham para nós da rua:
é tempo que se saiba!
É tempo que a pedra se decida a florir,
que ao desassossego palpite um coração.
É tempo que seja tempo.

É tempo."

da antologia poética "Sete Rosas Mais Tarde", tradução de
João Barrento e Y.K. Centeno

2 comentários:

Pedro L. Cuadrado disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pedro L. Cuadrado disse...

Mira, Luis, dos versiones de un mismo poema de Celan (recuerda el que dicen es el último cuadro pintado por Van Gogh).

Un abrazo

BAJO UN CUADRO

Ola de trigo sobrevolada de cuervos.
¿El azul de qué cielo? ¿El de abajo? ¿El de arriba?
Flecha tardía que ha disparado el alma.
Zumba más fuerte. Arde más cerca. Los dos mundos.

Paul Celan

(Traducción de Joan Parra)


BAJO UN CUADRO

Onda de trigo por enjambre de cuervos recorrida.
¿De qué cielo azul? ¿Del de abajo? ¿Del de arriba?
Tardía flecha desde el alma lanzada con impulso.
Reforzado rehilar. Inmediato encandescer. Dos mundos.