segunda-feira, agosto 29, 2016

A piscina na estrada...


Ensinei o meu filho mais velho a nadar. Posso afirmar, a partir de hoje, ser tudo uma questão de prática. Foi numa piscina aberta ao público, à qual temos ido refrescar estes últimos dias de Agosto. 
Aprender a nadar é aprender a sobreviver num meio para o qual não estamos particularmente concebidos. Espero que nunca tenha de nadar para sobreviver, no entanto, como se faz na Holanda, toda a gente devia pelo menos saber boiar, manter-se à tona dentro (e fora, já agora) de água. 
Em casa, junto com o pequenito, ambos na banheira, lavei-lhes a pele e o cabelo ainda com jeitos de cloro, sequei-lhes a pele atópica e apliquei-lhes o creme do dia-a-dia. Ainda usei o secador nos caracóis do mais novo pois anda um bocado ranhoso. Enquanto fazia estas tarefas, às quais já estou tão mecanicamente habituado, percorri "The Road" do Cormac McCarthy. 
Não dou por garantido cada gota de água com que os lavo, cada noz de champô, cada dose de gel duche, o sabor do dentífrico, a electricidade do secador de cabelo. Não dou por garantido aqui estar sempre para os cuidar no seu crescimento.
Todos os que têm filhos deveriam ser capazes de entender a personagem do pai neste livro de sobrevivência física e moral num mundo com todos os recursos esgotados. Darwin tem quase toda a razão, sobrevivem os mais fortes, mas também sobrevivem os que colaboram. Neste caso, um pai e um filho numa estrada em direcção ao litoral sul.
Estamos no final do Verão mas não sabemos quantos Invernos aguentaremos. Sobreviveremos? Ninguém está preparado. Será que o fogo viverá dentro deles? A semente foi plantada com fé de o clima possibilitar que algo germine nesta era de estupidez.

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