segunda-feira, agosto 22, 2016

Estivemos todo o dia em casa. O agosto remata o final dos seus dias com um calor que só à sombra permite a existência, ou à noite, porque também é amigo da insónia.
Não é fácil entreter duas crianças, uma delas um bebé de um ano, nestas circunstâncias. Há que ter paciência. Têm de aprender a abrigar-se do frio como também do sol que nos marca com raios UV.
Onde vivemos, o frio é passageiro e quase sempre provoca-me saudades. O sul, esse que no mapa também se marca com cores quentes.
O vento é emulado por uma coluna de ar artificial, uma ventoinha que trabalha noite e dia dois a três meses por ano. O seu ruído é mecânico, tão diferente da sínfonia do vento que anunciará em breve o outono.
Não páro de pensar. Não sou capaz de adormecer sem antes fazer ou conjugar algum verbo da segunda conjugação, regular ou irregular, só para rimar. Ler, escrever, por exemplo, para não entrar em mais detalhes.
Hoje li pouco. Uns artigos sobre o Bordalo Pinheiro do Zé Povinho, um documento sobre a guerra civil espanhola e uma entradas num diário alheio. Mas o que levo para a cama é um pensamento preocupante de como os extremismos, neste caso particular o ISIS, recrutam fiéis logo na primeira infância a troco de umas guloseimas, de umas promessas divinas, ofensivas para qualquer deus decente, de serem "as crias" do profeta. É tão fácil doutrinar para que explodam em nome da cobardia humana...
Fecho os olhos em oração a um qualquer deus decente e rogo-lhe que interceda por estas crianças. Tenho fé não sei bem no quê, se em deus ou num resto de decência humana.

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