Já por lá andava há algum tempo, a meteorologia lá fora tinha mais influência desértica que atlântica, quando me deu vontade de ir à casa de banho. Muitos dos que por lá andavam faziam o mesmo que eu, fugir à hora do calor, mas a maioria sentia como o fim-de-semana se consumia neste templo de consumo. Vive-se assim, eu não sou excepção, nem tenho moral para divagar sobre o que cada um pode (ou deve) relacionar-se com o comércio e as suas necessidades materiais.
Mas de caminho para um chichi (ou será "xixi" com x?) deparo-me com com senhor, talvez com uns 45 anos, de bermudas e chinelo no dedo, como convida a época estival, com uma espécie de um "certo" grande tatuado na coxa direita à descoberta do calção. Estou tão habituado a corrigir exercícios, a pôr "certos" com prazer, que sei que essa não é uma marca de reforço pedagógico ou reconhecimento de bom trabalho. É uma marca, sem dúvida, cuja única nascença foi ter sido registada e patenteada numa conservatória dos EUA.
Tem por detrás a protecção da mitologia da deusa grega da vitória que, no século XX, se revisitou para umas sapatilhas desportivas e a partir de então foi um sem parar de facturar. Apenas o fez. Gosto de tatuagens, tenho algumas que são as minhas marcas registadas de símbolos pessoais, bem lamechas, como só na minha pele podem ser, mas pergunto-me o que é que terá levado este gajo, companheiro de urina no mesmo shopping do que eu, a tatuar a mais valiosa marca desportiva do mundo na sua pele. Não acredito que tenham sido milhões de dólares, mas imagino milhões de motivos, confesso que nenhum me faz pensar na deusa da vitória, mas muitos fazem-me rir de desconcerto, tipo aquelas imagens de humor em que um crocodilo se veste com pólos da Lacoste, não necessitamos muita imaginação.
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