O fogo não conhece limites, não se circunscreve a fronteiras, devora hectares e não é por acaso que Hades arde mitologicamente.
No norte arde o Gerês e o "Xures", enquanto aqui arde o Caia e nem o rio com o mesmo nome impediu que cruzasse as águas e ateasse fogo à margem espanhola. Passei de carro pela antiga nacional e vi como as chamas passavam de um lado para outro da ponte José Saramago.
"O que farei quando tudo arde?" do Sá de Miranda pode-se interpretar com tantas retóricas e ao longo destes anos da minha vida tenho visto demasiadas coisas a arder. Não tenho interesses pirómanos e o fogo só me fascina por depois de se extinguir em cinzas adquirir um estatuto fértil, de adubo para crescimentos futuros.
Amanhã passarei nos locais ardidos, os quais penso já terem os focos extintos, pensarei qualquer coisa diferente do Sá de Miranda. Tenho a certeza.
Aqui deitado, com a noite menos tropical do que em dias anteriores, ainda cheiro o ar ardido e lembro-me que o melhor é evacuar o meu espírito deste diário. Por hoje já chega.
Sem comentários:
Enviar um comentário