quarta-feira, abril 04, 2018

Tocar o chão de onde nasci...

E dou por mim instintivamente a tocar no chão à saída da casa dos meus pais. Na terra, com manchas de musgo, entre as pedras da calçada da rua que me leva à linha da «Aparição».

Os meus pais, o meu bairro, a minha terra ficou do outro lado. Trago restos dela nos sapatos e nas pontas dos dedos. Deito os meus filhos naquela que, sendo berço, já é a sua terra e acaricio-lhes o cabelo. Adormecem sem racionalizarem serem de duas terras. Já eu não posso escrever isso. Quero deixar de pensar tanto sobre este viver que aqui vai sendo descrito. Vou conseguindo, mas, mesmo assim, o apelo da terra sempre me chamará a pôr-me de joelhos e a acariciá-la. Talvez sejam as raízes a afundarem-se e o meu instinto a querer salvá-las do olvido.

(Badajoz, 04/IV/2018)

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