Chove e não posso resguardar-me a pensar no futuro
Da roupa ao íntimo, a água não encontra resistência
A epiderme não serve de barreira para o mundo
como este limite que cruzo quotidianamente
não me estanca imperfeições e mágoas
Sem ministério nem natureza
esta linha teima em querer definir-me
Não a posso censurar e descobri
dela não ter direito a me fartar
Nesta cicatriz onde outros olhos vêem
linhas e outros corações não sentem
os meus pontos
sei ser um foragido, um refugiado
a céu aberto
Aqui acabei por me abrigar
Na fronteira, onde tudo me quer limitar
fatigado de viver a mediar
a sensação e a razão
descanso oculto
de mim mesmo
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