A mãe diz que és extremamente sensível, filho. Que és diferente do mano nesse aspecto, que ele é mais indiferente às coisas de dentro e, por isso, sofrerás mais.
Digo-lhe que não estou de acordo. É impossível prever o ser emocional adulto que serás. Não herdarás determinismos da minha parte, filho. O teu irmão tão-pouco. Sejas o que fores, estarei contigo, no teu peito, nesse nosso segredo plantado, e aceitar-te-ás de acordo com as circunstâncias que tiveres, sem baixares os braços e a olhá-las de frente.
Não te minto. Jamais te mentirei. É possível que sofras, que sintas dores desproporcionadas de juventude, mas a tua nobreza, as lágrimas hoje no meu ombro, os teus oito anos sem entenderem como podem os adultos ser tão pouco inteligentes face a problemas imaginários, fazem de ti único, uma criança especial que se emociona num mundo necessitado de voltar a aprender a chorar.
O orgulho em ti torna aquoso o meu olhar, filho. Contemplo-te e vejo uma criança excepcional por mérito próprio. Não to direi para não compurscar uma pureza tão difícil de manter. Sei-o porque a perdi e, graças a vocês, a deixei de procurar. Mas abraçar-te-ei e dir-te-ei como te amo. Como vos amo...
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