Não posso deixar que a falta de palavras me impeçam de honrar a tua memória. É difícil, principalmente porque nos dias que correm extinguirem-se vidas luminosas não ajuda a que vejamos o fundo do túnel.
Já cá não estás amigo Pablo. O meu amigo Pablo que, em Valencia de Alcántara, se despediu antes de abandonar o ensino secundário com os versos do Zeca de "em cada esquina um amigo, em cada rosto igualdade" num papelito que habita por aqui no interior de um livro e em mim.
Pablo foste meu aluno, ou eu teu, pois, apesar dos problemas cardíacos, do transplante a que foste sujeito ainda na adolescência, nos anos que estivemos juntos nunca te ouvi uma queixa, nunca te vi a querer um tratamento especial, nunca te vi uma má cara. Ao contrário, sempre te vi um sorriso, um gesto amável e um abraço, como o que me deste, nem sequer há um ano, quando te encontrei a viver na minha cidade, feliz por estares no teu trabalho.
Eras um ser cheio de luz e vida que nos tocou com os teus raios... E como eras bom a falar português, o meu Pablo com a sua excelente oralidade que fazia que não estudasses a parte formal da língua e confiasses no teu excelente ouvido.
Fizeste bem Pablo, estudar demasiado é uma perda de tempo e o teu foi escasso. Obrigado por o partilhares connosco e comigo, tão inexperiente, ao leme das nossas aulas. Na esquina onde nos voltarmos a encontrar já não haverá tempo, mas sei que nos reencontraremos a sorrir.
Adeus Pablo, em português, como sei que gostarias...
Luis Leal
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