No geografia dum deserto
somos apenas pequenos poços.
Ainda podemos afundar-nos em mais profundidade. Mais metros de prospecção.
O nosso amor bebe do mesmo aquifero.
Em tempos de seca,
ausente a água,
resiste a vida na argila
húmida de terra.
Os lábios gretados nunca deixarão de ser beijados.
A secura da pele não impede a carícia
da verdade de quem ama.
Entre a cova e o poço
Temos a certeza de só um poço
ter por detrás um projecto de vida.
Mata a sede.
A cova enterra o corpo morto de sede.
Os nossos
suados
vivem de piguinhas de água
que queremos beber
que procuramos entre pedras
(e pedrinhas)...
Alguma gota não nos irá esquecer.
Sem comentários:
Enviar um comentário