A lâmina da roçadora facilitou a limpeza do pasto, de alguns carrascos e os chupões que rebentaram na base do tronco. O resto foi com a tesoura.
Há pequenos ramos, parasitas para o crescimento da árvore, que devem ser podados, desbastados. O ser humano também tem este tipo de extremidades, saliências, inúteis, pesadas e, muitas vezes, aceites como inevitáveis para o nosso porte. Eu estou carregado de ramos que há muito deveriam de ter sido podados e, em vez disso, vão caindo ao chão graças ao peso e à gravidade do mundo sensível.
Hoje, o facto de ter podado pela primeira vez (ainda por cima uma amendoeira com décadas de raízes e frutos) fez-me pensar nisso e na responsabilidade que é ter ferramentas de corte nas mãos. Fi-lo o melhor que pude, mas não pude deixar de sentir-me um agressor, um tirano da minha vontade contra a natureza aleatória. Os ramos têm a tendência à orientação norte-sul por imperativo eólico. Mas a vontade do vento, apesar de não portar tesouras, nem aparelhos de corte, como a minha, tem a força dum elemento...
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