E é comparar. Preços, materiais, carros, casas, países, economias, corpos, tamanhos, performances... e filhos. Não falo da quantidade, nem se é entre o mais velho, o do meio ou o caçula. Falo de filhos.
«Vejam só, tem seis anos mas já veste de dezoito. Já fala três línguas, sabe judo, toca piano e guitarra, programa aplicações e acabou de receber propostas de várias universidades para ir estudar. Mas ainda não nos decidimos pois teve um convite para ir para o governo e, como pais, não sabemos se o devemos aconselhar a emigrar, com o potencial que tem...».
É verdade. Tem tanto potencial que só é pena eu não ter inveja porque sou um pai preguiçoso demais, até para isso. Os meus têm percentis normalíssimos (mais a dar para o pequeno). A roupa, se possível herdada, é do tamanho que mais jeito dá ao corpo e à carteira dos pais. Falam e abusam do portunhol. São um bocado patosos e riem-se dos próprios puns e de uma aplicação que os reproduz. Têm um cavaquinho desafinado que usam para, se me descuido, se agredirem e só os aceitam mesmo no infantário e na escola primária. Do governo, só conhecem o de casa e o orçamento que possibilita, ou não, a aquisição de um novo brinquedo.
Enfim, não lhes vejo potencial para além de encher fraldas, o mais novo, e a esperança de descobrir uma forma de produzir energia alternativa com o chulé das sapatilhas do mais velho.
Deveria de estar preocupado. Deveríamos, porque isto também é culpa da minha mulher. Já tentei melhorar, tentámos, melhorá-los, mas parece-me que isto é uma questão de cepa torta...
Epá, espera lá! És parvo ou quê?! Com o marketing adequado, até de uma vulgar cepa se pode vender um vinho extraordinário!!! É tudo uma questão de rótulo!!!
Sem comentários:
Enviar um comentário