"Contou-me um alentejano: «Tive um avô que ia ouvir a água a correr como quem vai ouvir a banda filarmónica a tocar no coreto», e fico a recordar que em criança, quando o meu avô ia tratar da horta e me levava consigo - na minha fantasia uma manhã inteira de jornada, as burras transmudadas em corcéis - ficava eu junto do açude, entretido a seguir os girinos, surpreso de não compreender se o som da corrente mudava por eu mudar de sítio, ou se havia ali mistério, talvez elfos emigrados da fria Noruega para o calor transmontano, e que regalados, escondidos entre seixos, sopraravam nas flautas estranhas melodias.".
J. Rentes de Carvalho, in «Trás-os-Montes, o Nordeste», pp. 11 e 12.
Sem comentários:
Enviar um comentário