Ainda lhe pedem que lhes ate os balões. Confiam que é capaz de solucionar tudo com todo o tipo de colas, fita-cola, super-cola. A sua cara é uma autêntica mentira e o seu corpo decidido também, pois vão inspirando essa confiança.
O que não se vê, por dentro deste pai, são as suas dúvidas, o seu medo de deixar de conseguir usar todos os tipos de pegamento, mostrar-lhes que há fragmentos que jamais se voltarão a unir, que apesar da sua navalha, a fita-americana e sentir-se desenrascado, não ressuscita quem já não está e, se tal o fizesse, não seriam Lázaros agradecidos mas sim Frankensteins de lojas de ferragens.
Aqui estão à sua frente. Brincam com o balão por si atado, num futebol lento, aéreo e aleatório de gargalhadas e trapalhices. Vê que estão felizes, entretidos em cuecas e fraldas frescas nesta manhã de Agosto, e não reparam na sua cara verdadeira, enternecida ao vê-los irmãos, diferentes, mas tão cúmplices por aqui estarem com o seu pai.
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