Fizemos 200 quilómetros para ir a Évora e passámos duas horas na estrada. Não é nada do outro mundo para os quilómetros que tenho feito ao longo dos últimos doze anos e comparando com as milhas diárias que se fazem em países gigantescos como os Estados Unidos. Fi-los com a certeza de sexta-feira, de que amanhã não trabalhamos.
A temperatura despreocupada de Agosto e a Praça do Giraldo a cantar com o amigalhaço Duarte, juntou-nos como antes. O Nunecas, o Gonçalinho, o Cajó e eu. A pandilha estaria completa com o Juba, o Carlos, o Catapeta, o mestre Jorge e talvez outro, se não fosse parvo e quezilento.
Partilhámos uma infância e uma juventude juntos em Évora, porém só eu e o Jorge fomos viver para outro lado. Pode parecer uma estupidez anacrónica para o presente que vivemos, mas, cada um à sua maneira, mais ou menos cúmplices, mais ou menos em contacto, todos mantemos intacta a nossa amizade desde tenra idade. Algo aparentemente estranho, hoje em dia, em que tudo se descarta, tudo é rápido, tudo é efémero e sobresselente. Em Évora, a minha cidade, estão lá os que me fizeram ser quem sou, os que não necessitam de falar com filtros de educação ou contexto. Estão lá os que, há 20 anos, estavam no quintal dos meus pais ou numa tasca a beber uma mini. Em Évora estão os meus amigos.
Posso ter gasto 1/4 do depósito, ganhado e perdido uma hora entre fusos horários, pago a portagem correspondente, mas agora, às tantas da madrugada, na minha cama, escrevo a minha profunda gratidão (e orgulho) a todos os meus amigos de infância, de juventude, de sempre...
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