quarta-feira, fevereiro 07, 2018

Intimidade

«Hoje declarei em casa de uns amigos que a maior prova de amor que um poeta pode dar a uma mulher é a sua intimidade. Escrever versos diante dela é qualquer coisa como parir com um Cristo à cabeceira da cama.». Miguel Torga escreveu isto acerca da sua intimidade de poeta diante da sua esposa. Escrever diante de quem se ama, mais do que prova de amor, de cumplicidade, para mim, é um acto de coragem. Mostro a minha fragilidade sem medo. O homem que escreve pouco protege o outro, na melhor das hipóteses, se não é capaz de defender a integridade física da barbaridade do mundo, esconde nas palavras a memória, o porquê de tantas formas de amor sobreviverem à força bruta dos tempos.

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