domingo, dezembro 25, 2022

"The Fabelmans" - Steven Spielberg

25/XII/2022 À parte do que escrevi ontem, ir ao cinema no Natal é outro presente fantástico! E que presente Steven Spielberg nos deu! "The Fabelmans" é uma declaração de amor por todas as artes, principalmente pela sétima! E quem ama a sétima arte, de certeza, que não a imagina sem Spielberg, eu pelo menos não... 
25/XII/2022 Aparte de lo que escribí ayer, ¡ir al cine en Navidad es otro regalo fantástico! ¡Y qué regalo nos ha hecho Steven Spielberg! "The Fabelmans" es una declaración de amor por todas las artes, ¡en especial por la séptima! Y cualquiera que ame el séptimo arte, seguro que no puede imaginarlo sin Spielberg, al menos yo no...

Natal 2022

O Natal pode ser todos os dias e "sempre que um homem quiser", mas, apesar de estar de acordo com o Ary dos Santos, a realidade do calendário é que é só uma vez por ano. Dentro destas circunstâncias, tento vivê-lo da melhor maneira possível, isto é, em união e em intimidade, com a família e com os amigos. Para além desta porta há o melhor dos presentes, o privilégio de podermos estar mais um ano juntos... Feliz Natal!
La Navidad puede ser todos los días y "cuando un hombre quiera", pero, a pesar de estar de acuerdo con Ary dos Santos, la realidad del calendario es que solo ocurre una vez al año. Dentro de estas circunstancias, intento vivirlo de la mejor manera posible, es decir, en unidad e intimidad, con familiares y amigos. Más allá de esta puerta está el mejor de los regalos, el privilegio de poder pasar un año más juntos... ¡Feliz Navidad!

quinta-feira, dezembro 22, 2022

A observar a natureza humana.../Observando la naturaleza humana... (apontamento/apunte)

Entre o altruísmo e a prepotência, os ignóbeis optam sempre pela segunda. É o poder de um pretenso status associado a um ser desprovido de nobreza. 
Entre el altruismo y la arrogancia, los innobles siempre eligen lo segundo. Es el poder de un supuesto estatus asociado a un ser desprovisto de nobleza.

sexta-feira, dezembro 16, 2022

“O passado não é um sonho” – Crónica de Luis Leal in “Mais Alentejo”, nº 162., p.68

    “O passado não é um sonho” – Crónica de Luis Leal in “Mais Alentejo”, nº 162. 

    “Tinha oito anos quando o meu avô me agarrou a mão e não a soltou até que encontrámos os meus pais em Atenas. Quem sabe o que poderia ter acontecido se tivesse ficado na aldeia. Era 1946. Princípio da Primavera de 1946. As amendoeiras floresciam lado a lado e o campo estava no seu esplendor”. Assim começa um dos livros mais autobiográficos de Theodor Kallifatides, porém ainda desconhecido do mercado editorial português que recentemente acolheu “Outra Vida Para Viver” com a chancela da Quetzal. Se de mim dependessem critérios editoriais, começaria por traduzir este “O Passado Não É Um Sonho” do escritor grego exilado na Suécia que decidiu fazer da sua língua de acolhimento, o sueco, a principal para a sua obra até aos últimos anos em que regressou à sua língua amniótica. Desde o primeiro momento em que me cruzei com a sua obra, deleitei-me com uma escrita simples, contudo magistral, a narrar a sua vida desde que abandonou a terra natal até que a ela retornou, volvidas décadas, para o homenagearem já como escritor consagrado. Desta forma acompanhei a sua infância e adolescência numa Grécia governada por regimes autoritários, vi nascer a sua consciência política e de classe, assisti à descoberta da sexualidade e do amor, embarquei para o exílio e admirei a sua surpreendente capacidade para refazer a sua vida laboral e criar uma família, enquanto se afirmava como escritor de ficção, ensaio, autobiografia e do género, agora tão na moda, de autoficção. Cheguei a Kallifatides graças a outro grande (e um dos poucos críticos literários que tenho como referência), o poeta espanhol Álvaro Valverde. A sua leitura tem sido um verdadeiro convite à reflexão e à escrita, e a verdade é que me parece que me penso (e me escrevo) de maneira semelhante (com a devida distância entre a mestria do grego a escrever em sueco e dum português a abdicar do infinitivo pessoal para expressar-se em espanhol). 

    “A Pátria é lá onde a vida não precisa de explicações”. Onde é exactamente esse lugar? Cada um tem as suas próprias coordenadas, como cada um tem o seu próprio destino quando se lembra “em demasia quem é”, pois nunca se atreverá a adentrar-se noutra sociedade e “será sempre um estrangeiro”.  E como é possível ser-se escritor numa língua alheia ao ventre materno? Theodor Kallifatides tem a amabilidade de responder: “Um escritor ora escreve na língua que conhece bem ora na que não conhece, mas escreve. Talvez caminhe com muletas na outra língua, talvez avance de joelhos, talvez se arrastre como um verme, mas escreve, simplesmente porque necessita, porque a sua mensagem é maior do que ele mesmo.”. Não creio que tenha grandes mensagens, tenho grandes necessidades e medos. A literatura não é apenas narrar histórias, não é apenas ideias e mensagens, é o mistério da própria escrita e como ela é sinónimo da nossa condição. Indiferente a idiomas, escrevemos porque somos humanos. “O Passado Não É Um Sonho” é mais do que um livro, é uma declaração de intenções. Alguns podem perguntar, porquê recorrer ao passado para aludir a assuntos preocupantes de um mundo a voltar a investir parte significativa do PIB em armamento? Porque Kallifatides, que foi neto, filho, pai e hoje é avô, teme que o passado já não seja conhecido e ignorância é diferente de esquecimento. 

    Não sei se chegarei a avô, no entanto, ainda antes de conhecer este escritor, sentia não conseguir escrever o que antevejo como uma potencial tragédia: uma criança perder os seus pais. Eis a decisão de Kallifatides ser também a minha e agradeço-lhe por verbalizar esta necessidade impossível de se redigir: "Desta forma, [durante a guerra civil na Grécia, depois da 2ª Guerra Mundial] uma coisa era certa. A maior tragédia para uma criança era perder os seus pais. Talvez tenha sido quando tomei uma decisão que influenciou a minha vida mais do que qualquer outra. Jamais abandones os teus filhos. Nem mesmo morto”. Por isso escrevemos.




Crónica: "O passado não é um sonho" de Luis Leal (in "Mais Alentejo" nº162, p. 68)

    Por que motivo escrevemos? No meu caso, apesar de ao longo do tempo haver tido várias motivações, intuía apenas um porquê. Contudo, ao ler a obra de Theodor Kallifatides, ao sentir minhas as suas palavras, apropriei-me da sua convicção. Se quiserem saber o porquê (a par de conhecer um pouco Kallifatides), leiam a crónica “O passado não é um sonho” publicada na “Mais Alentejo” nº162. Penso que tem motivos dignos de leitura, como tenho motivos para continuar a escrever.

    ¿Por qué motivo escribimos? En mi caso, a pesar de haber tenido varias motivaciones a lo largo del tiempo, intuía solo un por qué. Sin embargo, cuando leí la obra de Theodor Kallifatides, cuando sentí sus palabras como mías, me apropié de su convicción. Si queréis saber el motivo (además de conocer un poco a Kallifatides), leed la crónica “El pasado no es un sueño” publicada en “Mais Alentejo” nº162. Creo que tiene razones dignas de lectura, como tengo razones para seguir escribiendo.
Crónica: "O passado não é um sonho" de Luis Leal (in "Mais Alentejo" nº162, p. 68)





quinta-feira, dezembro 08, 2022

Leio numa velha crítica...

Leio numa velha crítica de Agustina ao cinema de Fellini que a "boa índole" deste "se entretém a envelhecer". É interessante este entretenimento do tempo que passa por nós. Por ela passou e, literatura à parte, esta mulher viu cinema que nunca imaginei que tivesse visto, como "Magnólia" de P.T. Anderson, para quem era um homem de "projetos que ultrapassam as ideias". Que terá pensado dessa personagem de Tom Cruise que apregoava, à gurú de marketing de sexualidade (insegura), "respect the cock and enslave the cunt"?

terça-feira, dezembro 06, 2022

Caminhos de Santiago - Alentejo

Um par de anos antes de 2010, um grupo de eborenses (com apoio da Arquidiocese e de empresas locais - a SOMEFE era uma delas- e de entidades transfronteiriças - a já extinta “Caja de Badajoz” -) teve tudo preparado para erguer, em pleno centro histórico da cidade de Évora e sem gastos para o erário público, um marco alusivo ao Caminho de Santiago. Porém, esta iniciativa, suportada pelo rigor da historiografia e pela toponímia, não passou da boa intenção deste pessoal e foi vetada pelo desinteresse e pela burocracia institucional (um tanto ou quanto altiva, se sou sincero).
No entanto, volvida mais de uma década, foi com agrado que hoje assisti ao colóquio "Caminhos de Santiago - Alentejo" na biblioteca pública de Elvas e, finalmente, o Alentejo está "institucionalmente no Caminho", muito bem assessorado por técnicos de turismo e por gente como os historiadores Paulo Almeida Fernandes ou, aqui pela raia, Rui Jesuíno, entre outros. 
Já as minhas botas, de cabedal e cosedura alentejana, que sempre sentiram o apelo da tradição jacobeia e a necessidade de palmilharem solo ibérico, estão orgulhosas de terem caminhado ao lado desses eborenses a quem ninguém fez caso.

Un par de años antes de 2010, un grupo de personas de eborenses (con el apoyo de la Archidiócesis, empresas locales -SOMEFE era una de ellas- y entidades transfronterizas -la ya extinta “Caja de Badajoz”-) tenían todo preparado para poner, en pleno centro histórico de la ciudad de Évora y sin gasto alguno para las arcas públicas, un hito alusivo al Camino de Santiago. Sin embargo, esta iniciativa, apoyada en el rigor de la historiografía y de la toponimia, no fue más allá de las buenas intenciones de esta gente y fue vetada por el desinterés y por la burocracia institucional (algo altiva, si soy sincero).
Sin embargo, más de una década después, fue un placer asistir hoy al coloquio "Caminhos de Santiago - Alentejo" en la biblioteca pública de Elvas y, finalmente, el Alentejo está "institucionalmente en el Camino", muy bien asesorado por técnicos de turismo y por gente como los historiadores Paulo Almeida Fernandes o, por pagos rayanos, Rui Jesuíno, entre otros.
Mis botas, de cuero y costuras alentejanas, que siempre sintieron el llamamiento de la tradición jacobea y la necesidad de recorrer suelo ibérico, se enorgullecen de haber caminado junto a aquellos eborenses a los que nadie hizo caso.

sexta-feira, dezembro 02, 2022

Puede que no parezca...

Puede que no parezca, pero el mundo laboral no escapa a la ley de vida y, últimamente, quizás más por cuestiones sociales que cronológicas, muchos compañeros míos, amigos y referentes, se están jubilando. Las nuevas generaciones tienen que tomar el relevo y tomar consciencia de que siempre seremos sustituibles, es un hecho, pero también lo es que hay gente dificilísima de sustituir. A pesar de su discreción, mi amigo Antonio Carrasco es uno de ellos. Estos días, en que la nostalgia se funde con la gratitud y la alegría, son complicados de vivir, pues no sabemos lo que sentimos. Quizás sea mejor así... Además teniendo en cuenta que Antonio todavía tiene pendiente llevarme a Estados Unidos para que nos pongamos los dos, a lo Kerouac, "On The Road". 

Pode não parecer, mas o mundo do trabalho não foge à lei da vida e, ultimamente, talvez mais por razões sociais do que cronológicas, muitos dos meus colegas, amigos e referentes, estão a aposentar-se. As novas gerações têm de agarrar o testemunho e saber que sempre seremos substituíveis, é um facto, no entanto, também o é que há pessoas dificílimas de substituir. Apesar de sua discrição, o meu amigo Antonio Carrasco é um deles. Estes dias, em que a nostalgia se funde com a gratidão e a alegria, são complicados de viver, porque não sabemos o que sentimos. Talvez seja melhor assim... Além disso, tendo em conta que o Antonio ainda tem que me levar aos States para nos pormos os dois, à la Kerouac, "On The Road".

quinta-feira, dezembro 01, 2022

Charla de Joaquín Araujo en el IES Rodríguez Moñino (27 de octubre)

"Vivimos sin escenarios, sin reconocer al autor que escribió la obra, y recitando fragmentos a quien no escucha. Tanto mejor ahí afuera con el teatro de la vida, con sus creadores y escuchando el lenguaje que no miente." (desde "El placer de contemplar" de Joaquín Araújo). 
El teatro de la vida me ha permitido actuar, por escasos momentos, al lado de este enorme protagonista, D. Joaquín Araújo. Su lenguaje, el de la Natura (de la ética y de la poesía) no mienten. Un honor escucharlo.

domingo, novembro 27, 2022

"Conversas à volta de... Luis Leal - Alguém a tentar cultivar uma vida com sentido..." (Évora, 25 de Novembro de 2022) - Fotos da iniciativa

Foi a primeira vez que falei em público sobre um assunto tão pessoal, porém passível de ser transmissível. Quais são os elementos que me permitem tentar cultivar uma vida com sentido? No dia 25 de Novembro de 2022, rodeado pela generosidade e simpatia de pessoas dispostas a dialogar comigo, foram cinco: a “Pertença”, o “Propósito”, a “Transcendência”, a “Narrativa” e a “Amabilidade”.

Foram-me feitas várias perguntas para as quais não tive nenhuma resposta (nem me parece que alguma vez tenha) e fiquei contente por não ser capaz de responder. No âmbito do Humanismo, as respostas definitivas costumam ser semeadas em campos estéreis, a dúvida, por sua vez, como não pretende ser mais do que é, é um excelente fertilizante para o solo honesto do pensamento. 

(Nos comentários podem ler o texto da apresentação e continuarem como eu, cheio de dúvidas, mas a continuar a tentar… Aquele abraço e obrigado).

Fue la primera vez que hablé en público sobre un tema tan personal, aunque probablemente transmisible. ¿Cuáles son los elementos que me permiten intentar cultivar una vida con sentido? El 25 de noviembre de 2022, rodeado de la generosidad y amabilidad de personas dispuestas a dialogar conmigo, fueron cinco: “Pertenencia”, “Propósito”, “Transcendencia”, “Narrativa” y “Amabilidad”.

Me hicieron varias preguntas para las cuales no tenía respuestas (ni creo que las tenga algún día) y me alegré de no poder contestarlas. En el ámbito del Humanismo, las respuestas definitivas suelen sembrarse en campos estériles, la duda, a su vez, como no pretende ser más de lo que es, es un excelente abono para el suelo honesto del pensamiento.

(En los comentarios podéis leer el texto de la presentación y seguir como yo, lleno de dudas, pero siguiendo intentado… “Aquele abraço” y gracias).






 

"Conversas à volta de... Luis Leal - Alguém a tentar cultivar uma vida com sentido..." (Évora, 25 de Novembro de 2022) - Texto da apresentação

       "Conversas à volta de... Luis Leal - Alguém a tentar cultivar uma vida com sentido..." (Évora, 25 de Novembro de 2022) - Texto da apresentação

        Primeiro, permitam-me agradecer o convite à Associação Solidariedade Social dos Professore de Évora, agradecer o vosso tempo (algo valiosíssimo e que não vos posso devolver) e também agradecer, como aprendi com o naturalista Joaquín Araújo, ao Rio Xarrama, ao Rio Degebe, ao Alto de S. Bento, a toda essa confluência de elementos que permitiram que os romanos aqui criassem um núcleo urbano, o qual posteriormente árabes e cristão povoaram, permitindo assim que, em 1980, no dia 2 de maio, no seio destas três culturas, o acaso consentisse que eu nascesse aqui. 

        É importante referir que, quando me convidaram para estas conversas, não sabia o que podia partilhar convosco. Vivo do meu trabalho docente, não me considero poeta, e se admito que me chamem escritor é pelo facto de ter escrito milhares de páginas (99% indignas de publicação). Sou também agricultor de ocasião, sou filho, sou marido, sou pai, mas, à parte de tanto que me pode definir ou tornar ainda mais confusa a minha existência, a única coisa que sou é um ser humano repleto de dúvidas, inseguranças e com escassas certezas. Essas certezas estão na base das minhas tentativas de cultivar uma vida com sentido e, como tudo na vida, não são nada novo, existem desde a antiguidade, são transversais a outras civilizações e o que faço é impregná-las com as minhas imperfeições através das minhas interpretações.

        A filósofa e investigadora Emily Esfahani Smith enuncia algumas destas certezas como “pilares de uma vida com sentido”, eu prefiro olhar para elas como olho para as árvores, como concebo o seu enraizamento, o seu crescimento, a tutorização, a poda, a sua resistência às estações e elementos, o legado da sombra, até ao seu termo, preferencialmente de pé, ou se somos dignos de uma existência memorável, fulminados por um raio.

        Portanto, permitam-me partilhar convosco os elementos que considero basilares para esta busca, elementos estes que têm como partida a saúde integral do ser humano, pois sem ela parece-me que tudo o resto é difícil de se encontrar.

            1º Elemento: “Pertença”

A primeira vez que ouvi falar de estímulo e de reforço positivo foi a um sacerdote (o cónego Manuel Barros) e ainda eu estava longe dos bancos de pedagogia na universidade. Advogo que nos sintamos valorizados e valorizemos os demais. Em casa, no carro, no trabalho, nas redes sociais, onde quer que seja. A qualquer escala existe singularidade e importância, algo bem mais relevante do que ópticas utilitaristas no seio de qualquer instituição ou sociedade. 

Tenho a sorte de a minha infância, adolescência e início da vida adulta pertencerem a Évora. Fui plantado aqui, as minhas raízes foram generosamente regadas aqui, fui, à semelhança limoeiro, bastante podado e sovado aqui, até ser transplantado para outros solos da nossa Ibéria, solos esses nos quais o meu sistema radicular sempre denunciará húmus eborense. Eis o porquê de quando se menciona um lugar no mundo, o meu tende a encontrar-se na honestidade, na lealdade para com as minhas raízes e na esperança que frutifique algo digno de quem as plantou.

          2º Elemento: “Propósito”

        Luto constantemente por este elemento. Sou vulnerável ao absurdo, sou capaz de entender a vida como paixão inútil, à maneira de Sartre, porém, evito o chamamento do niilismo, e resisto, como vou podendo, a responder às questões dos meus filhos de se Deus existe ou há uma vida para além desta que nos tocou viver .

        Por outras palavras, a criança insegura que habita em mim tem tanta dificuldade em manter vivos propósitos, que não escondo os meus objetivos, as minhas causas, as minhas motivações serem o motor e o combustível da minha acção, à qual junto uma certa noção de dever, talvez anacrónica, mas sem a qual seria bem possível que as minhas insónias se multiplicassem. 

        Sem ser estóico, quero encontrar alguma virtude associada ao propósito e para mim os mesmos não se medem por prestígio ou significância, portanto tão respeitável é um desígnio de encontrar curas para as doenças do corpo, como a vontade de preservar um legado humanista num planeta tão viciado na técnica que tende a esquecer a sua própria alma.    

        3º Elemento: “Transcendência”

Por mais que o nosso ego nos diga o contrário, a verdade é que somos minúsculos, simples vestígios de poeira cósmica. A imagem do astronauta, sem gravidade, a ser invadido pela total humildade de saber-se uma partícula microscópica num vasto e incompreensível universo, fascina-me, pois esta consciência da pouca importância da nossa pessoa no cosmos é, paradoxalmente, um sentimento poderoso e profundo. Sou aquilo que denomino um “crente discreto” e houve épocas em que me ajoelhei perante altares erguidos pelo homem. Hoje a minha oração encontra-se no silêncio, na contemplação de várias naturezas. Na transcendência aproximarmo-nos da sabedoria daquilo que somos e do que não somos. 

        4º Elemento: “Narrativa”

    Charles Dickens perguntava, através de David Copperfield, “serei eu o herói da minha história ou qualquer outro tomará esse lugar?”. Quero dizer, que história de vida contamos a nós próprios? 

        Miguel Torga escrevia diários (e não só), o imperador Marco Aurélio meditações, o Ellon Musk escreve no Twitter (e por isso comprou-o), eu num blogue, o António Aleixo quadras populares e Claudio Rodríguez poesia, quando, como dizia o próprio, “estava poeta”. 

        Escrever a nossa vida ajuda a retirá-la da fragilidade do nosso corpo, do efémero dos nossos dias, e, com ou sem artifícios, permite editá-la perante os nossos próprios olhos. Decidir organizar os capítulos da nossa existência, decidir pontuar parágrafos, recorrer a vírgulas e pôr pontos finais, é o livre-arbítrio na nossa história que, como bem lembrou Victor Frankl, nos pode salvar (e este neuropsiquiatra austríaco, formado pelo Holocausto, sabia empiricamente do que nos lembrava). Em resumo, porventura o sentido da vida não será muito diferente da sintaxe numa frase, quanto mais coerente é, mais sentido tem.

        Estes são os quatro pilares para viver uma vida com sentido inventariados por Emily Esfahani. Admito existirem mais nos quais possamos apoiar a carga que, por vezes, é viver e encontrar sentido onde, quer queiramos, quer não, simplesmente não existe. Nesta etapa da minha vida, em pleno século XXI na qual os extremos exterminam a moderação, tento cultivar um elemento que custa a germinar, no entanto, através da insistência, da rotina, acredito ser uma filosofia de vida.

        5º Elemento: “Amabilidade”

    Fernando Assis Pacheco dizia «Faz-te conhecer pelos gestos de todos os dias; mesmo os gestos neutros, mesmo os inúteis». A amabilidade é um deles, mas na sua aparente inutilidade tem um super-poder que não pertence a nenhuma personagem da banda desenhada comprada pela Disney e está ao alcance de qualquer um de nós: tem o poder de não piorar o mundo. Tenho fé nesta fórmula, já que é tão complicado melhorá-lo, simplesmente não o deixemos pior, e a amabilidade, nem que seja por segundos, aligeira qualquer existência. Se da amabilidade formos capazes de dar o salto para a generosidade (caridade não, essa palavra carece de altruísmo!) intuo que o futuro terá mais qualidades dignas do ser humano do que o presente. 

        Os Cinco Elementos

       Estes são os cinco elementos que considero ferramentas fundamentais para cultivar uma vida com sentido. Não são messiânicos nem panaceia para solucionar os problemas do mundo. Se alguém tem razão, apesar do contributo inestimável de tantos como Jesus Cristo ou Buda (não menciono Maomé porque não conheço suficientemente o Corão e tenho as minhas dúvidas), é Ghandi ao diagnosticar que “os problemas do mundo solucionar-se-ão no dia em que cada um de nós limpar a sua própria retrete”. (Confesso, neste momento estou a pensar em Donald Trump, agachado a esfregar a sua sanita de ouro maciço).

A vida continua “a salto de mata”...

        Depois de ter merecido, ou roubado, o vosso tempo, é impossível negar que sou alguém que se vai encontrando nos outros, na família, nos amigos, na comunidade, mas igualmente no silêncio, na arte, na própria parvoíce, e que sente como suas as palavras de Antonio Machado. Sim, “há nas minhas veias gotas de sangue jacobino, mas o meu verso brota de nascentes serenas, e, mais do que um homem ciente de saber a sua doutrina”, tento ser, tento ser, “no bom sentido da palavra, bom”. 


quarta-feira, novembro 23, 2022

Un día raro...

Un día raro. Estuve demasiado inquieto y algo crispado, aunque no me haya faltado la moderación. No pongo la culpa en el cansancio, en las noches de sueño interrumpido, la culpa de este sentir es mía, de mi ego, de creer que a lo mejor puedo hacer y valer más de lo que la realidad pone en valor de verdad. Me siento alejado del camino que quiero seguir y veo a muchos de los que me han despejado el mismo parando y diciéndome: "He llegado hasta aquí, ahora es tu turno, tienes que seguir tú. Me toca descansar.".
No sé si tengo madurez suficiente, no sé si tendré la humanidad necesaria. Me crié entre guerreros que me enseñaron a estar en guardia y a creer que la paz tiene que protegerse. Esa desconfianza no solo me protege, también me aísla y hoy no sé lidiar con lo que siempre he asociado a una virtud.
Escribo estas palabras raro, con ganas de desaparecer, con ganas de abandonar una misión que, en lo más íntimo de mí, sé que me fue confiada. Pero dejé que otro tipo de confianza hablase más alto y tuve de llegar a la arrogancia para no reconocerme. En la humildad están mis maestros, en la humildad está mi camino. Por favor, descansad pero dejadme volver con vosotros siempre que me vuelva raro, siempre que mi ego se sobreponga a la verdad, siempre que el Luis deja de ser leal a si mismo.

segunda-feira, novembro 21, 2022

Conversas à volta de... «Luis Leal: alguém a tentar cultivar uma vida com sentido», 25 de novembro, 18h, Associação de Solidariedade Social dos Professores - ASSP, Évora)

De volta às minhas raízes eborenses para dialogar sobre a importância da utilidade do inútil (parafraseando Nuccio Ordine). Se por lá quiserem passar e dar dois dedos de conversa, será uma honra e um prazer contar convosco. Aquele abraço. Vosso, Luis Leal. (Conversas à volta de... «Luis Leal: alguém a tentar cultivar uma vida com sentido», 25 de novembro, 18h, Associação de Solidariedade Social dos Professores - ASSP)
Vuelvo a mis raíces eborenses para dialogar sobre la importancia de la utilidad de lo inútil (parafraseando a Nuccio Ordine). Si queréis pasar y charlar un rato, será un honor y un placer teneros allí. “Aquele abraço”. Vuestro, Luis Leal. (Conversaciones en torno a... «Luis Leal: alguien intentando cultivar una vida con sentido», 25 de noviembre – 18h, ASSP)



domingo, novembro 20, 2022

Um sonho antes de dormir...

Começou o mundial de futebol no Catar e lá estão as nossas selecções, com os seus astros e as suas estrelas a marcarem golos em estádios erguidos em cima de qualquer direito humano e vetados à dignidade da mulher. E há alguém que pergunta se isto não vai contra os valores do futebol. Ao que outro responde mantendo a interrogativa: "Quais valores?".
Fiquei a pensar nesta questão e só encontro valores no desporto em geral, não na modalidade em específico, muito menos no futebol e em organismos tipo FIFA ou UEFA. Mas sim, há valores, não são éticos nem morais, são pecuniários e rendem milhões a gente muito parecida ao Putin, que teve a sua própria World Cup em 2018. É o que há, tem havido e de certeza que haverá. Nunca esperei (nem exigirei) que gaiatos de vinte e poucos anos, muitos deles pagos a peso de ouro por usarem mais os pés do que a cabeça, fossem porta-estandarte de uma revolução. Porém, confesso que tive um sonho, que o um capitão, já quase quarentão, marcaria um golo e ficaria para a história, não pelos seus records e trofeus, sim por homenajear todos aqueles que os valores do regime político do Catar deixaram fora de jogo... Tenho esse sonho... e já é hora de dormir.

Patrick, Keanu and the little "Point Break" baby (1991)


 

sexta-feira, novembro 18, 2022

Divagações de oficina...

Divagações de oficina:
"O que separa a arte do artesanato não é a beleza. É a consciência."
Divagaciones de taller:
"Lo que separa el arte de la artesanía no es la belleza. Es la consciencia." (18/XI/2022)

quinta-feira, novembro 17, 2022

X preguntas...

Mi hijo X es un niño curioso, por veces inquisitivo, siempre munido de miles de preguntas que casi siempre me encantan intentar contestar pero que, en algunas circunstancias, me cansan, principalmente cuando insiste en que le diga si los cerdos podrían ser voladores y si me gustaría tener un unicornio. Esto es fruto de una imaginación sin límites que el avance de la edad suele acotar. Pero hoy, mientras comíamos los dos solos en la pequeña mesa de la cocina, me preguntó algo inesperado:
- Papi, ¿cómo sería el mundo sin música?
No tardé en responderle que, seguramente, sería sería un mundo más pobre y triste. 
Sin embargo, su cuestionario aún necesitan profundizar más la problemática y me lanzó una pregunta más:
- Y papi, ¿y si en el mundo solo existiese reguetón?
- Oh hijo, no sería solo más pobre, sería aún más estúpido de lo que es...
Y seguimos en la condicional rutina de recoger la cocina después de comer.



segunda-feira, novembro 14, 2022

"No tengas miedo a perder"

"No tengas miedo a perder" nos lo dijo Séneca y un grafitero cutre cualquiera de mi ciudad. Ambos tienen razón, sin embargo siempre tendré miedo. Dejé de tener esa capacidad el día en que descubrí que no estaba solo en el mundo. (Apunte dedicado a Pedro Martín, después de una de nuestras conversaciones.)

"Não tenha medo de perder" disse-nos Séneca e um qualquer grafiteiro de pouca qualidade da minha cidade. Ambos estão certos, porém sempre terei medo. Deixei de ter essa capacidade no dia em que descobri que não estava sozinho no mundo. (Apontamento dedicado a Pedro Martín, depois de uma das nossas conversas.)

quarta-feira, novembro 09, 2022

El acento...

El acento es para el hablante lo que la salsa especial es para el perrito caliente: le confiere un sabor único e irrepetible. 

El robo...

Hoy por la tarde, cuando estaba con mi hijo X en el supermercado, comprando su croissant para la merienda después de karate, asistimos a un robo. Yo no me enteré bien, pues llevaba los cascos puestos y tenía mi móvil conectado a una reunión de trabajo, pero él lo vio todo. A sus siete años, mi dulce niño asistió a un hombre corriendo para fuera del Día donde solemos comprar su merienda con varias cosas en la mano. Detrás de él vino una empleada del supermercado y justo después otro, un chico también joven que vino en auxilio de su compañera. A pesar de la movida, los empleados del Día se quedaron en la puerta y decidieron no ir detrás del ladrón. Su heroicidad se quedó en el sentido común, lo que, desde mi perspectiva, es algo digno de nota y no se les puede exigir más.
Mi hijo estaba boquiabierto, lejos de cualquier pánico. Estaba impresionado por haber visto a un ladrón en la vida real, esos que él concibe detrás de rejas, pillados por los buenos policías y justicieros de su ética infantil. 
"¡Papá, papá! ¿Has visto? ¡Un ladrón!"
Le dije que no se preocupara, que seguramente los agentes de seguridad lo pillarían y que tendría un castigo proporcional a su delito. Creo que se quedó tranquilo, pensando que la justicia funciona para los buenos de sus cuentos y que los héroes de sus cómics existen, ayudándonos en el bienestar de la sociedad. Sin embargo, yo no me quedé tan tranquilo. El robo que se produjo no era el de la típica botella llevado a cabo por un gorrilla alcohólico o el típico artículo superfluo más asociado a un capricho o a un cleptómano. El robo que se produjo delante de nuestras narices fue un hurto de comida, según lo que escuché queso y algo más (creo que pan). 
Me pregunto cuál el motivo porque este hombre robó. ¿Delincuencia o miseria? Sé que ambas van de la mano, pero ¿que historia hay detrás de alguien que roba comida? ¿Será para él? ¿Tendrá gente a su cargo? ¿Padres mayores, hijos quizás? Podía haber pedido, ¿porque no lo hizo?
Afortunadamente no tenemos esa necesidad, podemos merendar después de las actividades y tenemos comida en casa, pero sigo intranquilo. ¿Tendremos algún día que tener que hacer lo mismo? Espero que no, a pesar de que estoy seguro que por nuestros hijos seríamos capaces de cosas que esta sociedad ve como delincuencia y robar sería de lo más suave... 

terça-feira, novembro 08, 2022

Quase sempre.../Casi siempre...

Quase sempre, viver na superficialidade é o mesmo que estar há tempo morto nas profundezas. 

Casi siempre, vivir en la superficialidad es lo mismo que llevar tiempo muerto en lo más profundo.

segunda-feira, novembro 07, 2022

¿Papi, sabes lo que es una greguería?

Mi hijo mayor se acercó hoy a mí y me dijo: "¿Papi, sabes qué es una greguería?". 
No sé si habrá sido mi espontaneidad o mi entusiasmo al contestarle, pero en ese momento la "divina tontería" del maestro habitaba entre nosotros.
"Por supuesto, hijo, ¡papá se crió mamando en los pechos de Ramón!". 
"Ah, vale... es ese Ramón...". 
Y volvió con los deberes de lengua, dejándome solo, pero acompañado de una enorme sensación de orgullo. Sin cualquier catequesis, mi primogénito también ya es un seguidor del Ramonismo. 

Hoje o meu filho mais velho veio ter comigo e disse: "Papo, sabes o que é uma greguería?" Não sei se foi a minha espontaneidade ou o meu entusiasmo ao responder, mas naquele momento a "divina parvoíce" do mestre habitava entre nós. "Claro filho, o pai criou-se a mamar nos peitos do Ramón!" 
"Ah, OK... é esse Ramón...". E lá voltou para os TPC de língua espanhola, deixando-me sozinho, mas acompanhado de um enorme orgulho. Sem nenhuma catequese, o meu primogénito também já é um seguidor do Ramonismo.




quarta-feira, novembro 02, 2022

Falar da mãe...

"Falar da mãe é tocar alguma coisa ardentemente intransmissível, mas que permite aceder a um património que todos podemos reconhecer nosso. Abeirar-se da mãe é referir-se à arqueologia do ser, ao que tem de inexplicável a matéria viva, ao seu segredo ramificado e ao esplendor que se torna provisão. É refletir por dentro como essas flores femininas são grandes barcos em espiral que congeminam a viagem, se tornam para nós componentes do universo, coletes de salvação de espaço a espaço, áureos e frágeis vocábulos de uma língua que não se assujeita à impostura." - José Tolentino Mendonça, "Misericórdia", Revista Expresso, 28/10/2022

terça-feira, novembro 01, 2022

Na oficina do avô (1/XI/2022)

Na oficina do avô, a aprenderem como se conservava a comida dentro de um corno, como os velhos pastores alentejanos...

domingo, outubro 30, 2022

Os bebés Amazon...

Estou para aqui a olhar e a pensar que, hoje em dia, é bem possível que a criançada já não conceba que os bebés são trazidos pelas cegonhas, mas sim que vêm pela Amazon...
Estoy aquí mirando y pensando que, hoy día, es muy posible que los niños ya no conciban que los bebés los traen las cigüeñas, sino que vienen a través de Amazon... 

Las mejores siestas son bajo árboles... en este caso encinas, como decía Unamuno, la más matriarcal de todos los árboles...

sexta-feira, outubro 28, 2022

Segundo o meu punho e letra (e o arquivo tutelado pela minha irmã) esta foi a primeira carta que escrevi.

Coisas de paleografia familiar: Segundo o meu punho e letra (e o arquivo tutelado pela minha irmã) esta foi a primeira epístola que escrevi. Apesar de até nem dar muitos erros ortográficos (e esquecer-me de poucos acentos) o primeiro período do sétimo ano não foi lá grande coisa. Porém, já evidenciava uma certa escatologia e uma enorme propensão à heterossexualidade... Acho que dou menos erros quando escrevo, mas o resto está igual ou talvez tenha piorado com a idade. 

quinta-feira, outubro 27, 2022

Con Joaquín Araújo (27/X/2022)

Ya había leído al poeta y divulgador Joaquín Araújo, ya había escuchado y visto al Joaquín Araújo naturalista y ecologista, sin embargo, hoy, gracias a mi amiga María José de Vega, he tenido el privilegio de compartir algún tiempo con el hombre Joaquín Araújo. Sin duda, un ser humano extraordinario (que, además de eso, planta árboles...). Gracias.
Já tinha lido o poeta e divulgador Joaquín Araújo, já tinha ouvido e visto o naturalista e ecologista Joaquín Araújo, no entanto, hoje, graças à minha amiga María José de Vega, tive o privilégio de partilhar algum tempo com o homem Joaquín Araújo. Sem dúvida, um ser humano extraordinário (que, para além disso, planta árvores...). Obrigado.

domingo, outubro 23, 2022

A nossa oficina.../Nuestro taller...

O meu filho mais velho fotografou-nos num dos meus locais favoritos: a nossa oficina. Foto de uma rotina em que fiquei a pensar como, efectivamente, educar tem sido disponibilizar ferramentas, deixá-los brincar com elas, estar presente e pendente das brincadeiras, porém a exigir (por respeito aos objectos, à sua utilidade e à sua história) que as voltem a arrumar no sítio, de forma a continuarem disponíveis para nós e para os nossos vizinhos. Desta maneira não se conserta o mundo (nem o pretendo), mas pelo menos mantêm-se oleados certos valores. Coisas simples, por exemplo, quando algo deixa de funcionar correctamente, se observarmos e identificarmos o porquê, é possível que tenhamos ferramentas para salvar e não somente descartar. Eu próprio, sempre que agarro nestas ferramentas, sinto que algo me salva, algo me conserta...
Mi hijo mayor nos fotografió en uno de mis lugares favoritos: nuestro taller. Foto de una rutina en la que me puse a pensar cómo, efectivamente, educar ha sido facilitarles herramientas, dejándolos jugar con ellas, estando presente y pendiente de los juegos, pero exigiendo (por respeto a los objetos, su utilidad y su historia) a ponerlas de nuevo en su lugar, para que sigan estando disponibles para nosotros y nuestros vecinos. De esta manera no se arregla el mundo (ni lo pretendo), pero al menos se engrasan ciertos valores. Cosas simples, por ejemplo, cuando algo deja de funcionar correctamente, si observamos e identificamos el por qué, es posible que tengamos herramientas para salvar y no solo para desechar. Yo mismo, cada vez que cojo estas herramientas, siento que algo me salva, que algo me arregla...



Fraco consolo encontrar a meia perdida.../Pobre consuelo es encontrar el calcetín perdido...

Fraco consolo encontrar a meia perdida quando o par há muito que se tornara meia única, acostumada à solidão da gaveta.

Pobre consuelo es encontrar el calcetín perdido cuando su pareja hace mucho que es calcetín único, acostumbrado a la soledad del cajón.

inédito de a salto de mata (2022) 


sábado, outubro 01, 2022

Pedro Martín entrevista a Luis Leal - "Una Consciencia poética del Budô", in "Shibumi", nº28, agosto, 2022, pp. 6-19 (arte fotográfico de Juanma Zarzo)

Este diálogo com o Pedro Martín na revista “Shibumi” nº28 já tem um par de meses, mas acho que não mudei muito... Apesar da entrevista estar subordinada à minha “consciência poética do Budo”, na essência a nossa conversa é sobre a vida. Se quiserem dialogar connosco dêem uma vista de olhos, será uma honra contar com a vossa companhia.

Este diálogo con Pedro Martín en la revista “Shibumi” nº28 tiene ya un par de meses, pero no creo que yo haya cambiado mucho... A pesar de que la entrevista versa sobre mi “conciencia poética del Budô”, en esencia, nuestra conversación es sobre la vida. Si queréis dialogar con nosotros, echadle un vistazo, será un honor contar con vuestra compañía.










sexta-feira, setembro 30, 2022

"Para mí el pesimismo no es una opción. Lo igualo a pereza y tumbarte en el sofá para quejarte de que todo va mal no ayuda. Pero el optimismo tampoco lo es porque, con todos los problemas que hay, equivaldría a estar ciego o tener una piel demasiado gruesa para que nada te afecte. Pero hay un vía de compromiso entre el pesimismo y el optimismo y es la esperanza."  Jostein Gaarder