A praia é o antepassado duma família emigrante em França. Um pai, uma mãe, a sentir-se já doente, dois meninos e uma menina. O carro parado contempla o Atlântico e arrefece os quilómetros do motor. A menina sai do carro, corre para a areia e fecha os olhos azuis nesse segredo só seu, nesse mar só seu.
Devagar, Adolfo caminha com a sua esposa. Vê a menina de olhos fechados, sol doirado nas madeixas, e não consegue ficar indiferente àquela visão, àquele olhar sem tempo, só com mar.
Andrée, a esposa, confere a ternura no rosto do marido e, espontânea, mete-se com a menina:
- Olá, como te chamas?
Tímida, consentida com o acenar da mãe, responde.
- Elsa.
- És muito bonita e tens um nome muito bonito, Elsa. Boas férias.
Cordialmente, expressa-se um desejo comum de bom descanso e veraneio. A vida e a morte seguem.
Adolfo nessa noite escreve no seu diário que com tanto mar a sua dimensão só pode ser peninsular. O diário custodia essa nota até hoje eu a ler.
Elsa brinca no pinhal e vê o sonho dum lar construído pelos pais em Portugal.
Elsa e Adolfo. Elsa e Miguel. Elsa menina. Elsa hoje mulher. Elsa, de olhos fechados, a levar-me para o seu mar, para os aposentos da sua infância...
Elsa a quem quero tanto, como Adolfo quis a Andrée... Elsa. S. Pedro de Moel. Eu.
Sem comentários:
Enviar um comentário