A democracia é também permitir a ideias contrárias às minhas poderem expressar-se e representar-se no colectivo. Sou laico. Se um dia quiser que os meus filhos tenham uma educação religiosa levá-los-ei ao local adequado, não à escola, no entanto não sou capaz de entender porque motivo se veta a opinião e voto à minha colega de religião no seio dos diversos departamento escolares. É-me indiferente quem a contrata, se o arcebispo, a junta, a direcção. É fora da comunidade educativa que se luta por o laicismo e contra a influências dos lobbies que sejam e quero que tenha o direito a poder votar como qualquer um dos meus colegas que, na teoria, representam os seus pares de disciplina no âmbito duma comissão pedagógica, algo que, no fundo, não passa de um grupo de trabalhadores a representarem outros.
Veta-se-lhe o voto em nome da lei educativa, esse é o argumento contextualizado. E a lei do bom senso? A lei do dia-a-dia, da pessoa que vai mais além do sistema? É nestas incongruências que a democracia perde para os extremismos. No caso em questão apenas ultrapassa a falta de educação e companheirismo, porém noutras latitudes leva ao germinar de ódios que não se acalmam com palavras, nem com tolerância.
Serei criticado por, ao defender o direito de intervenção desta colega de religião, de não ser verdadeiramente laico. Vivo bem com isso. Não vivo bem é entre colegas que pensam ter mais direitos interventivos graças a um qualquer vínculo administrativo. Enquanto o sistema educativo permitir a presença desta colega entre nós, e não somente na paróquia (onde creio que deveria de estar o adoutrinamento religioso), deve poder pronunciar-se como qualquer um de nós, com voz e voto.
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