Na política deu-me o sonho de quase ser realidade ter um presidente poeta, mas na literatura trouxe um canto combativo que é a sua principal arma.
Não sendo um poeta de cabeceira, pois da política perdi-lhe o rasto, Manuel Alegre escreve para o meu agrado e a sua voz tem o mesmo efeito radiofónico de liberdade que difundia na Rádio Argel. Por isso, e apesar de não lhe fazer muita falta o prémio, não me produz mal-estar a atribuição do prémio Camões ao seu percurso literário tão parecido a uma gaveta, um armário cheio recordações do antes e do depois da mais importante Primavera dos últimos 60 anos, essa estação florida a vermelho cravo em Abril de 1974. Aos 81 anos, Alegre é ainda o nosso poeta político e ambas facetas fazem-nos falta. A primeira ao ser e a segunda à cidadania.
Quando se atribue este prémio anualmente, penso sempre em quem lhe dá nome, Camões. Ponho-me na sua pele, na sua perspectiva zarolha e imagino o que é que o poeta pensaria. Triste de certeza não estaria.
quinta-feira, junho 08, 2017
Alegre
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