Fugi ao destino de quarta geração de caminho de ferro. Bisavô, avô e pai, eu seria o quarto.
Porque é que fugi? Não sei e nem os meus antepassados me poderiam alinhar as agulhas desta linha de vida.
Creio que o caminho de ferro existirá na minha infância enquanto conseguir ouvir o apito do comboio em frente à minha casa no bairro, enquanto puder abraçar a roupa do trabalho do meu pai e ele me deixar acelerar a automotora para Casa Branca sentado no seu joelho.
O Leal impôs-se ao Pinto por circunstâncias administrativas e de aliteração. Apenas isso. As minhas veias são linhas que me unem ao meu pai, ao meu avô Ventura e ao seu pai. São de ferro, como o destino da sua profissão, e são inquebráveis...
Volto à pergunta inicial, porque é que fugi? Pensando bem, nem sequer se trata de fugir. Há muitas maneiras de se seguir o caminho férreo da vida. Pode ser a construí-lo, a cuidar das suas agulhas, a conduzir na sua bitola ibérica, como o meu bisavô, avô e pai, respectivamente, ou como eu, a escrever o que sinto, com medo que no futuro o único ferro que tenho nas veias seja por ingestão e não por herança patrimonial...
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