Os efeitos do fogo são os mais versados, de isso não há dúvida. Do Camões, antes o Sá de Miranda, o Marlowe, o Goethe, até tantíssimos outros, há queimaduras de vários graus, carvão convertido em minas de lápis, cinzas misturadas com o pó de lares e de estradas de terra batida.
Ardem para aí volumes de polémica, paranóias de egos, mitos de chama olímpica de anti-"fairplay", tanto combustível pacóvio, ardem muitos fios e pavios e dinamita-se tempo.
É assim em tudo. Não apenas neste mundo descrito por palavras e carregado de pretensiosa lenha literária que não passa de palha elitista. A palha verdadeira pelo menos alimenta burros e aquece-lhes o camalho.
Mas, mesmo assim, estas altas temperaturas, atraem-me e fixam-me o olhar quando se incendeiam flamejantes. Só desculpo o pirómano se admitir puxar fogo ao pousio do passado para adubar com cinza um futuro mais original.
Brinco com o fogo cada vez que passo para o papel muitas das fagulhas que me vão saltando de dentro. Não o posso evitar. Se tudo aqui arder, a cinza que restar nada trará de original. Aceito, sem queixume, que o esterco é bem melhor para fertilizar.
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