quarta-feira, maio 31, 2017
terça-feira, maio 30, 2017
Conjugar...
«SAL SOBRE A FERIDA» - Piedad Bonnett (trad. Luis Leal)
as suas imperfeitas costuras,
para que a ferida comece a abrir-se
e a contar as suas histórias.
segunda-feira, maio 29, 2017
Cuido de flores
Numa estufa
Com a ilusão do ar livre...
Emoção do crescimento.
Remoção de ervas daninhas.
Motivação de substrato rico em esperança.
Outras tornam-se ornamentais
E algumas fundamentais.
A maioria é colhida pela necessidade de trabalho.
Porém algumas, de flores, transformam-se em árvores e, em momentos extremos de calor, abraçam-me com a sua sombra.
domingo, maio 28, 2017
Lembranzas de Fernando Assis Pacheco
Assis Pacheco morreu a 30 de novembro de 1995. Nesse mesmo dia, sessenta anos antes, tinha morrido Fernando Pessoa.
sábado, maio 27, 2017
Tudo apita...
quinta-feira, maio 25, 2017
Todas as Quintas-feiras da Ascensão, a minha avó Helena ia ao campo apanhar um ramo de espiga
quarta-feira, maio 24, 2017
Árvores sem água...
El primer poema de Santi
Um homem de palavra sem palavras
segunda-feira, maio 22, 2017
"Circunvalação" - Luis Leal
sexta-feira, maio 19, 2017
Deanna Templeton - Huntington Beach, California. 2017
quinta-feira, maio 18, 2017
«Poema» - Nuno Júdice
terça-feira, maio 16, 2017
"Fermoso rio Lis, que entre arvoredos" - Francisco Rodrigues Lobo
Ides detendo as águas vagarosas,
"Nasceu o rio Lis junto a uma serra" - José Marques da Cruz
segunda-feira, maio 15, 2017
Salvador
domingo, maio 14, 2017
Leaving Sicily...
Há um ritmo italiano e um ritmo siciliano. É a base do nosso ritmo latino sem as especificidades ibéricas, mas, mesmo assim, não sendo eu compassado pelos ritmos do norte, tive dificuldade em adaptar-me aos vinte minutos que se podem transformar em duas horas ou à frenética condução automóvel alérgica ao cinto de segurança e indiferente a passadeiras.
Cada povo tem o seu ritmo vital e o da Sicilia é originalíssimo. Apesar do cansaço, foi um privilégio vivê-lo no meio da sua gente. Voo sobre o mar da nossa civilização em direcção às penínsulas, primeiro a bota que me chutará para a jangada de pedra do José Saramago, essa península atracada por uma corda bastante velha à Europa.
Poderei um dia ir ao Novo Mundo?
Navegar
sábado, maio 13, 2017
Centenário
Em Palermo não sejas D. Vito
«O Polvo» teve várias temporadas mas na minha memória de poucos canais ficou um comissário honrado, a cidade de Palermo e a máfia. Já se passaram muitos anos desde então e eu quase não me lembro de pormenores relacionados com essa época hoje vendida como «caderneta de cromos». No entanto, hoje estou em Palermo, sou visto como espanhol, falo todo o dia em inglês e escrevo o que sinto em português. No meio desta esquizofrenia de dia, a qual aceito sem divagar mais que a conta, sou acarinhado por amigos italianos. Conheci Ungaretti, também ele com um vínculo com a língua portuguesa, devido aos seus anos brasileiros, levo-o na mala e espero entrar no seu hermetismo, mas também levo diálogos com pessoas como a Carmen, que, com coragem siciliana, me contou sobre como a sombra da máfia eclipsa muita da luz desta região. Apesar de muito ter mudado desde a norte de Falconne, o espectro da máfia paira sobre esta sociedade. Há mais coragem por parte dos «parlamitanos» graças a uns quantos mártires que ajudaram a assumir a existência de grupos criminosos organizados. Assumir é sempre o primeiro passo para resolver o que quer que seja. Admiro profundamente a coragem de quem se assume. Este povo fê-lo após anos de negação, o problema ainda existe, mas esta gente já se ri dele. Basta vermos a quantidade de merchandising a ridicularizar todos aqueles que se querem assumir Vitos Corleones...
sexta-feira, maio 12, 2017
Scirocco
Em Palermo, o vento que sopra, cor de terra, vem de África e chama-se «Scirocco». Ontem soprava forte e deixou rasto na minha pele e cabelos. Foi o momento em que o mediterrâneo tentou ser mais forte que a violência atlântica que me corre nas veias. Apesar de não lhe ser indiferente, não foi possível esta intrusão marítima. Como é sabido a grande diferença entre mares e oceanos nada tem a ver com dimensão de ambos, mas sim com marés. Num mar, a maré quase não se nota, porém num oceano pode atingir niveis de autêntica devastação ou afastamento.
A minha língua nasceu à beira-mar, mas cresceu com vontade oceânica e, mesmo filha de pais separados, edifica-se como pátria em qualquer lado.
quarta-feira, maio 10, 2017
Ojos negros (Luana Ribeiro)
Fabrizio de André
Fabrizio de André, cantautor e poeta italiano até hoje desconhecido para mim. Fez parte da banda sonora duma visita guiada no banco traseiro dum pequeno carro citadino pela cidade de Palermo. Ao volante ia Antonio e ao lado a sua adorável mulher, Carmen. Valeu a pena a espera, por tanta coisa mesmo com o cansaço duma rotina de actividades de projectos europeus.
Lembrei-me várias vezes da vespa do Nani Moretti, devido às ruas e o carácter italiano, mas tive a sorte de vislumbrar a cidade que me acolhe desde o alto, um «Montreale» com um «Duomo» turístico e ao qual chegámos fora de horas. A presença de Salvatore e a sua namorada, e dos dois fantásticos guias foi um dos melhores momentos desta semana «apalermada». Uma vez mais, a poesia salva o homem de fé no verbo adjectivado pela alma. Foi bonito ver como Antonio e Carmen partilharam a sua canção de amor com dois quase desconhecidos. Só alguém com uma tremenda confiança é capaz disso, neste caso uma musa com dois filhos chamada Carmen e um poeta cumplice do mês de maio, de toda sua beleza, quer dizer, Antonio Maggio.
terça-feira, maio 09, 2017
Um dia palerma em Palermo
Palermo é a capital duma Sicilia que sempre me remeteu para os filmes do Francis Ford Coppola, para a pobreza emigrante e para a proteção dum padrinho. Nunca imaginei a possibilidade de aqui estar, contemplar o mediterrâneo enquanto provo uma iguaria daqui, a «carranchina», e falo com gente da terra, uma terra tão latina como as minhas.
Mas neste contemplar, algo cansado da viagem de ontem, nada faria adivinhar a notícia que chegaria de casa, da fronteira vigiada por causa da visita do Papa Francisco. A morte dum conhecido estimado, a tragédia absurda dum sofrimento que pode levar a atirar-se uma pessoa contra uma árvore, o fim duma vida e, quem sabe, rezo para que não, o tormento para outras.
Estou em Palermo, aparvalhado, mas rodeado de gente que a vida me deu o privilégio de conhecer. Longe de casa, é fácil sentirmo-nos culpados de termos embarcado na viagem, do apoio que não damos, mas é errado sentirmo-nos assim. Por mais que as imagens se assomem à minha mente, não fui eu quem escolheu que elas existissem. Apenas escolho não esquecer-me deste dia. Honrá-lo pela estima que tenho aos presentes e aos finados. Peço perdão por não conseguir mais, reconheço sentir-me palerma em Palermo.
Eduardo Salles - "¿Y qué hiciste de tu vida?"
segunda-feira, maio 08, 2017
Badajoz, Madrid, Roma e Palermo
Duas penínsulas e uma ilha em menos de meio dia. Desde o ar, as fronteiras são o que são, isto é, limites de humanidade nos quais se estruturam homens e mulheres, os únicos seres vivos com consciência disso. A natureza tem fronteiras diferentes, estruturam paisagens, potenciam faunas e floras diferentes, porém a grandeza criadora não necessita consciência. Aí somos diferentes. Sabemos que somos natureza, mas não só. Não faz mal, desde que saibamos coexistir.
Haiku de aeroporto 7
Para atingir o Nirvana
Basta recostar-me e iluminar-me com a luz atribuída ao meu assento.
Haiku de aeroporto 6
Aeroporto: templo de técnica
supervisionada por Ícaro.
Antes de viajar vejo opções de concorrência.
Haiku de aeroporto 3
Esperanças e medos viajam
Com cinto de segurança posto
Como perfeitos desconhecidos.
Haiku de aeroporto 2
É fácil reconhecer o viajante
com mais bagagem mesmo
sem malas leva a família dentro.
Haiku de aeroporto 1
Facturas a pressa viajante
Numa passadeira rolante.
Até ao instante pelo qual passas...
sábado, maio 06, 2017
"Fronteiras" por Luis Leal no "III Jantar Literário da Escola Secundária Gabriel Pereira" (5/V/2017)
quinta-feira, maio 04, 2017
III JANTAR LITERÁRIO NA ESCOLA SECUNDÁRIA GABRIEL PEREIRA - ÉVORA (05/V/2017)
Cozinhas de hipócrisia...
terça-feira, maio 02, 2017
Para acompanhar no dia de anos...
Um abraço amigo, Luís!
"Bushido Alentejano" - Luis Leal (in revista "Mais Alentejo" nº138, p.84)
"Bushido Alentejano" - Luis Leal (in revista "Mais Alentejo" nº138, p.84)
"Instantes" de Jorge Luis Borges (sem polémica de autoria, apenas poesia)
Talvez mais um ano... ("Calle del dos de mayo en Valladolid)
segunda-feira, maio 01, 2017
Acta de entrega do III Prémio Hispano-Português de Poesia Jovem Ángel Campos Pámpano
Ratoncito Pérez
Tenho o meu filho mais velho a dormir com o seu primeiro dente caído debaixo do travesseiro. Por aqui quem se encarrega desta tarefas dentífricas é o «Ratoncito Pérez», apesar de eu não saber muito bem se vem e deixa uma moeda em lugar do dentinho. Em Portugal é a Fada Dentinho, se não me engano. Não me lembro bem como foi quando era miúdo, lembro-me de linha preta da caixa de costura da minha avó e de puxões precisos, como o que dei ao seu dente mas com fio-dental previamente atado pela sua mãe. Não havia nada em troca para além duma janela no nosso sorriso, quanto muito um desejo se nos desfazíamos do nosso dente atirado para cima do telhado. Algo em mim quer recordar-se dum lançamento para cima da barraca do quintal da Rua Reguengos de Monsaraz. Não confio nessa imagem, é mais uma dessas a penderem por um fio da minha memória, mas a de hoje ficará bem grafada. Não apenas por mim, mas por ele, pois acabo de encontrar uma carta dirigida a um roedor espanhol debaixo da almofada do meu filho, lá tem escrito com a sua grafia e ortografia de primeira classe: «Ratoncito Pérez, quiero una pistola de Sendokai, sólo eso».
Não entendi muito bem o tipo de pistola, deve ter a ver com algum desenho animado da moda, mas desde já não sei se o rato vai na conversa. De momento, deixou-lhe lá um euro, que era o que tinha na carteira, e quanto à pistola há que se estudar se é para fazer tiro ou alvo ou ir à caça, pois uma criança com tantos dentes ainda por cair e armada é um perigo em potência.