O aspirador a dar de si com dois anos de obsolescencia programada. Chupa mal e barulho faz muito.
Um trauteia a intro do Star Wars do John Williams e pergunta se amanhã o levo ao colégio. Outro salta para cima de mim e quer ver o que eu não me apetece. Outra pergunta porque escrevo se tenho de os ir deitar e pergunta aos outros se não ouvem o que lhes acabou de dizer. Eu, sentado no puff, penso num documentário que me apetece ver e não sei se terei corpo, atenção plena, para isso. Penso no que vivo, sinto o que penso, e sei que, por baixo de toda esta rotina, todas estas emoções, isto é o único que existe para mim. Contemplo, naquilo que é a minha vida, que a vida contemplativa é propicia ao momento, à paz, ao «mindfullness», porém é graças ao desejo que a humanidade se perpetua em descendentes. Podem não sofrer como eu, ter a mente e o corpo sintonizados com o presente, mas jamais foi a vida monástica garantia de futuro, excepto em casos de extrema hipocrisia, daquilo que é a nossa biologia.
Assumo a necessidade de respirar enquanto aspiro na minha condição de obsolescencia programada pelo acaso.
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