quinta-feira, outubro 19, 2017

Recordamos Manuel António Pina

Fotografia de Fábio Pinheiro


Recordamos Manuel António Pina não só porque morreu hoje há cinco anos, mas porque os versos dele são sempre um bom porto de abrigo, um porto onde em qualquer momento nos podemos refugiar.


OS OLHOS

O rosto que olha para trás,
o lado de fora do visível,
existe este rosto ou é apenas,
diante da infância, o olhar que se contempla?

Em ti, ó noite,
reclino a cabeça.
O que eu fui sonha,
e eu sou o sonho:

alguma coisa que pertence
a um desconhecido que morreu
que outro desconhecido (é este o meu rosto?)
fora da infância infinitamente pense.


Nenhum Sítio (1984)






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