Não esperava
publicá-lo hoje, mas as circunstâncias de ontem assim o ditaram. Está previsto
conhecer papel no meu próximo projecto “pedal(e)ar”, no entanto aqui o dedico
à capital das bicicletas clássicas e de todas as "pasteleiras" de Portugal, a nobre Burinhosa, que ontem conheceu o inferno.
Com estima, à Burinhosa, a S. Pedro de Moel, ao Pinhal de Leiria. Com estima, à
família Rodrigues.
Burinhosa
(com estima, à família Rodrigues)
Há um local onde o
património do homem são duas rodas.
Onde a utopia duma
freguesia
resgatou das ruínas
ou do palheiro deste país
a crónica de
gerações a pedalar.
Invadida por inglesas,
francesas, portuguesas
restauradas,
remendadas ou todas enferrujadas,
são oleadas para,
num dia especial de Julho,
sentirem a veloz
brisa anti-inflamatória do Atlântico
na sua biografia de
selim, guiador e travões de alavanca.
Ali o sangue velho
dos avós
é estimado e agradecido,
correndo orgulhoso
nas veias dos netos.
Há resineiros, há
varinas, há amoladores,
pedaleiras vestidas
a rigor
graças a uma terra
trazida
ao peito duma
família.
Na Burinhosa,
no coração de
Portugal,
onde do chão se erguem
santuários,
se desenham beira-mares,
se cantam flores do
verde pino,
se vislumbra da
serra as planícies cúmplices,
exala-se o fluido
evocador
das histórias
das nossas
bicicletas.
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