Estava a cortar as unhas do meu filho mais velho quando
reparei que os seus seis anos de vida, e primeiro ano de escola, já têm um calo
de escrita no dedo médio da mão direita. Lembrei-me das mãos do meu avô João, artroses cheias de calos de trabalho duro, mas sem um único calo de escrita porque nunca
puderam aprender a segurar na caneta.
As unhas iam caindo para o chão desde uns pequenitos dedos
que tocam a terra sem medo. São herdeiros dessa terra que não soube de livros,
mas soube de gente e cuidou dos seus. Que calos terá no futuro? Tentarei que
honre os calos do passado, por mais descabidas que palavras como honra, trabalho duro e calos pareçam a este presente. As nossas mãos não esquecerão. As nossas mãos não se podem dar ao luxo de esquecer...
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