A consciência dum bombeiro impediu-o de velar pela segurança dum carregamento de armas para a Arábia Saudita. A moral do soldado da paz não está ao serviço duma administração pública conivente com a moral da empresa de fabrico bélico. Abre-se um processo de disciplina ao heroísmo do bombeiro, ameaça-se a sua sobrevivência (e dos seus) com quatro anos de suspensão de ganha pão.
Sabemos que o negócio das armas não tem moral apenas ética de vendas à melhor oferta, mas este estado democrático tem porque zelar pela segurança dum negócio cujo objectivo são as transfusões de dinheiro para as suas contas enquanto derrama o sangue de civis inocentes?
A inocência é mais uma bala perdida a matar cinicamente por um pequeno orifício, difícil de detectar na autópsia.
Por aqui não caem bombas, não explodem casas nem carros, mas cai-nos a cara de vergonha. De todos os soldados, este, armado com o valor da vida, dignifica todos os outros enganados, reclamados e amputados pelas razões da guerra. Quem é que o protege da má consciência da indústria do armamento? Quem é que vai de peito descoberto contra quem tem tanto poder de fogo?
O dia em que todos os generais lutarem rasos ao lado dos seus soldados, acabar-se-ão todos os conflitos bélicos.
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